A empresa que faz a coleta e processamento da castanha do Brasil ao mesmo tempo que cria benefícios ambientais, consegue gerar lucros. O estado brasileiro do Mato Grosso ganhou este nome em conotação com a Floresta Amazônica. Mato Grosso, entretanto, tem uma das maiores taxas de desmatamento no Brasil. O empreendedor Luis Laranja acredita que castanheiras do estado, combinadas com o poder da empresa de pequeno porte, pode ajudar a parar este desmatamento no estado. Laranja, um ativista ambiental de longa data, deixou seu trabalho como professor há oito anos e mudou-se para a floresta amazônica para iniciar a Ouro Verde, uma empresa sustentável voltada para as atividades da coleta e processamento da castanha do Pará. A Ouro Verde adquire, processa e vende castanhas e produtos de alta qualidade, incluindo o Castanha do Pará, azeite extra virgem e manteiga.

O Modelo da Ouro Verde

A empresa de Laranja está transformando a floresta viva em uma fonte de renda para os moradores rurais do Mato Grosso. “Eu realmente acredito que o que nós temos que usar as forças do mercado para preservar as florestas”, diz ele. “Se a floresta não fornece dinheiro para o povo, será impossível para salvá-lo”.

A Ouro Verde cria relações especiais com as comunidades indígenas e pequenos produtores locais que coletam e fornecem Castanha do Pará. Ao eliminar a margem de lucro alta do intermediário entre a empresa e os fornecedores locais, a Ouro Verde pode pagar a seus fornecedores uma remuneração justa, tornando os produtos da floresta viva mais valioso do que a exploração madeireira ou desmatamento. A Ouro Verde também oferece treinamento para os envolvidos na coleta de castanha do Brasil para ajudar a melhorar coleta, armazenamento e transporte, garantindo a empresa receber castanhas de qualidade premium, e os fornecedores recebem um preço premium para tal. Graças às suas práticas, a empresa ganhou a certificação orgânica para toda a sua linha de produtos a partir de Ecocert Brasil, incluindo certificados que atendam às necessidades específicas dos mercados brasileiros, europeus e americanos.

O valor econômico proporcionado por castanheiras também protege as árvores ao redor das castanheiras. As castanheiras produzem em seus níveis mais elevados quando vivem em florestas primárias, saudáveis. Portanto, coletores de castanha são incentivados a proteger florestas inteiras em torno das castanheiras, a fim de acessar as maiores culturas, de melhor qualidade.

Investimento para Expansão

O sucesso da Ouro Verde, até agora, levou a empresa a explorar relações com novas comunidades e considerar expandir suas operações para outros produtos, como o açaí. Neste momento, a empresa não consegue preencher todos os pedidos que recebe, o que significa a necessidade de expansão em algum nível. “Se eu tivesse o dobro da quantidade de castanhas que temos hoje, venderíamos facilmente”, diz Laranja. Ele atualmente fornece castanhas para grandes redes de supermercados, como Wal-Mart Brasil, Zaffari, mas diz que frequentemente recebe solicitações para grandes encomendas de clientes internacionais que ele não tem capacidade para atender.

Para expandir a Ouro Verde precisa de investimentos para aumentar a capacidade de sua fábrica e processar produtos mais matérias primas. A empresa recebeu investimentos de investidores brasileiros, e está pronta para receber investimentos adicionais provenientes de investidores estrangeiros. Laranja viajará para Nova Iorque em abril para participar do Global Investor Forum for New Ventures, onde ele terá a oportunidade de apresentar o modelo de negócios da Ouro Verde a um grupo de investidores internacionais.

Benefícios Ambientais com Geração de Lucros

A Ouro Verde estima que ele já tem protegido 1,3 milhões de hectares da floresta amazônica. Laranja espera que este número irá crescer à medida que sua empresa consegue provar que é possível criar benefícios ambientais e gerar lucros. “Quando eu me envolvi no movimento ambientalista há trinta anos atrás, todos achavam que eu era louco”, diz ele. “Ninguém nunca tinha ouvido falar de desenvolvimento sustentável. E quando eu comecei a minha empresa, era apenas uma idéia maluca”. Agora, as taxas de desmatamento no Brasil estão diminuindo a cada ano, ajudada pelos esforços de empresários ambientalistas, como Luis Laranja.

por Tracy Elsem para o World Resource Institute